Amigos, fiquei a semana inteira pensando o que escrever sobre o meu amado pai. Muitas vezes as palavras no conseguem transmitir o que realmente sentimos, porque esse sentimento muito mais profundo, vem de dentro do corao. Ento percebi que o que eu sinto muito mais forte e poderoso do que qualquer palavra que eu possa aqui externar. Vou tentar, mesmo tendo a certeza de que tudo que aqui eu disser ser muito pouco, se comparado ao meu amor por ele.

Tive a felicidade de viver com meu pai por 45 anos e agradeo a Deus por isso. E a existe uma grande diferena entre viver e conviver. Eu vivi in-tensamente, mas do nosso jeito, meu e dele. S ns dois sabamos como era. Muitas vezes bastava um gesto, um olhar. Foram 45 anos de um envolvimento fortssimo, emoes infinitas, ensinamentos, mudanas de comportamento, principalmente aps o nascimento dos netos, mas, acima de tudo, de muito respeito.

Meu pai foi um cara lutador. De famlia humilde do interior de Minas, nascido em Senhora do Porto e criado em Guanhes, trabalhou desde cedo para se auto sustentar. Adorava esportes e, dizem, foi o melhor zagueiro do Brasil na sua poca. Galantea-dor, conquistava as pessoas com sua simpatia e educao. Escolheu Lagoa Santa, sua menina dos olhos, para viver e aqui verdadeiramente construiu a sua vida.

Mas a maior virtude dele era o carter. Homem generoso, no distinguia ningum por classe social, cor ou credo. Todos eram bem vindos. Estava dis-posto a ajudar, a quem quer que fosse. No sabia dizer “no”, mesmo muitas vezes se prejudicando com seus atos. Essa era a ndole dele. Ajudar o prximo foi o seu lema.

Alm de meu pai e do Dudu, foi pai de muitos amigos meus. Tratava-os como filhos e era tratado como pai por eles. E, como pai, foi muito zeloso. Preocupava-se, por demais, com nossa formao profissional e, principalmente, humanitria. E essa foi a maior herana que ele deixou para os seus fi-lhos: viver com dignidade, honestidade, carter, tra-tar bem as pessoas e ser temente a Deus.

Meu pai foi amigo de todas as horas. At quando me chamava ateno (e no foram pou-cas vezes) assim o fazia pra abrir os meus olhos, para mostrar o caminho a ser seguido para eu ter uma vida melhor. Algumas vezes eu no entendia, mas agora enxergo as coisas com mais clareza. Como era sbio esse meu “velho”. Est fazendo muita falta.

Apesar dessa falta, me sinto confortado porque eu vi o quanto meu pai foi amado pelas pessoas. Tantas homenagens, tantas pessoas emocionadas, como nunca tinha visto antes. Isso me mostrou a importncia dele como ser humano, como homem do bem. A amizade algo extraordinrio e sei que ele teve muitos amigos. A amizade, aliada a famlia, a base para a formao de uma grande pessoa. Se voc quer saber quanto uma pessoa amada, basta ver a relao dela com sua famlia e com seus amigos. Meu pai foi muito amado por seus amigos e por sua famlia.

Agora s me resta seguir os exemplos deixados pelo meu pai, aquietar meu corao para que essa dor da perda se torne uma saudade gostosa, eterna, de uma pessoa que foi um modelo de correo e hombridade.

Tambm quero agradecer a pessoas especiais que caminharam junto ao meu pai e que escreveram lindos captulos na histria dele:

Obrigado minha me Ieda por ter amado meu pai e a partir desse amor ter gerado seus dois filhos.

Obrigado meu irmo Dudu e minha cunhada Fernanda, por terem continuado a famlia, dando a Eduarda, a Carolina e o Daniel, netos lindos, ao meu pai. Obrigado Elen por ter dado a luz a um ser hu-mano incrvel como Otvio Henrique, um neto muito querido, que aqui deixa uma linda mensagem para seu av que tanto amou:

“Para meu av, o verdadeiro Otvio Magalhes.

Espero que no se v
Depois de tudo que amos
Apenas bons momentos vou me lembrar
E agora separados estamos

Pela vida que nos deixou
Marcas de amor
Pelo tempo que nos levou
Momentos de dor

Espero que no se v
Pois chorando estou agora
Suplico-lhe para no me deixar
Por favor, no v embora

Pelo menos posso falar
Que orgulho eu lhe tenho
Sozinho no quero ficar
Pois aos poucos vou morrendo

Sem o Senhor para me alegrar
No sei o que fao
Sei apenas rimar
E escrever com estes traos

Que no so suficientes para dizer
Apenas so um pequeno resumo
Tudo que sinto por voc
No cabe nesse mundo

No consigo mais escrever
As palavras vo sumindo
S queria lhe dizer
Que te amo, ento vou indo

Pois minha idia apenas era
Fazer uma pequena poesia
Vou viver sua espera
Quero v-lo melhor um dia.

Otvio Magalhes (o neto) 16/11/11”

Sim, 16 de novembro, quatro dias antes da par-tida do vov Otvio.

Obrigado a minha esposa Lilyan por ter, junto comigo, aumentado a famlia, com o nascimento dos netos Alexandra Ida e Luis Roberto.

Obrigado a Maria de Lourdes, a Malu, por ter amado meu pai e, junto com Fernando e Juliana, seus filhos, terem dado a ele uma nova famlia, que ele tanto amou.

Obrigado a toda famlia do meu pai, entre eles irmos, sobrinhos, primos, agregados, que sempre tiveram um respeito e um carinho muito grande por ele.

Obrigado aos funcionrios do Cartrio que tanto ajudaram meu pai a construir o sonho dele.

Obrigado aos amigos do meu pai, sem exceo, que mostraram lealdade a ele em todos os momentos de sua vida.

Obrigado a Deus por ter emprestado meu pai por 73 anos. Sei que meu pai do Senhor e o Se-nhor o pediu de volta, o colocando em um bom lugar e isso me conforta muito.