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Captulos da novela Confins x Pampulha

Servio precrio desafia Confins.
A partir de 01 de dezembro/04 todos os vos para outros estados, partiro de Confins.
As companhias exigem:
Retirada das lombadas eletrnicas e o posto de fiscalizao do Policia Rodoviria Estadual na MG10.
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COM AR DE DESERTO, Confins ter que superar a precariedade dos servios com a chegada de novos vos a partir de dezembro (FOTO/EUGNIO MORAES)

Maria Clia Pinto
Reprter

Trinta quilmetros de rodovia separam o Aeroporto da Pampulha do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins). Mas os problemas para a transferncia de vos, marcada para o dia 1 de dezembro, vo alm de buracos na pista, m sinalizao e lombadas eletrnicas. O esvaziamento de Confins, iniciado em 1992 e mais evidente nos ltimos trs anos, levou ao fechamento de lojas e precarizao de servios. O centro comercial do aeroporto, por exemplo, tem 36 lojas, das quais apenas seis em funcionamento, com horrios nem sempre adequados. Alm disso, o custo do deslocamento at Confins encarece o j pouco vel transporte areo.

O ar de grande deserto que paira sobre o saguo de ageiros o mesmo - em menor escala - percebido no centro comercial. Lojas, cafs e restaurantes vazios, s vezes fechados nos horrios de menor movimento, taxistas dormindo e minguados ageiros nos nibus. Os poucos usurios reclamam. “Queramos almoar em um restaurante mais simples, mas no h isso por aqui. Eu precisava tambm comprar algumas roupas e no encontrei", listava Almira Maria dos Santos, 57 anos, que esteve em Confins na ltima quinta-feira para embarcar dois netos para os Estados Unidos. A famlia, de Governador Valadares, era a nica no restaurante por volta das 15 horas.

Acostumada a usar o Aeroporto do Galeo, no Rio, via Pampulha, Almira garante que estranhou Confins. Dessa vez, ela optou pelo vo direto para Dallas, da American Airlines - que pode ser suspenso a partir de 1 de outubro. Marcos Aurlio, 25 anos, tambm procurou algumas lembranas para enviar a parentes nos Estados Unidos, sem muito sucesso. “Eu queria algum artesanato. Mas seria bom se houvesse tambm um shopping por aqui", opinava. A famlia almoou la carte, j que o self-service, ao custo de R$ 18,00 por pessoa, funciona de 11 horas s 14h30. O restaurante tambm fecha s 21 horas. E as lembranas pretendidas por Marco Aurlio se resumem a doces e bordados, praticamente as nicas opes existentes nas poucas lojas de Confins.

O aeroporto tem ainda posto de gasolina, uma lanchonete, que atende das 10 s 20 horas, e dois pontos de caf. Um deles permanece aberto das 6 meia-noite, enquanto o outro opera apenas entre 7h30 e 20 horas, com intervalo de quatro horas tarde. gua mineral (330 ml), caf expresso ou po de queijo tm o mesmo preo: R$ 1,50. No centro comercial h ainda uma agncia dos Correios, uma do Banco do Brasil e um posto de Banco Real, com um caixa - e nenhuma fila. Por outro lado, h um ano, Confins ganhou uma livraria mais moderna e completa, que funciona das 6 s 22 horas.

Mas at mesmo chegar ao aeroporto, atualmente, tarefa difcil ou, no mnimo, cara. O nibus convencional que faz a linha Belo Horizonte-Confins custa R$ 4,65 e tem apenas 12 horrios em cada sentido nos dias de semana. J o nibus executivo cumpre a metade dos horrios e custa quase o triplo do preo: R$ 12,10. Cada viagem, tem, em mdia, seis a sete ageiros. Conforto maior, s com txi, mas uma viagem ao centro de Belo Horizonte nunca sai por menos de R$ 55,00.

Mudana de vos esperana

O como de espera de comerciantes e prestadores de servios do Aeroporto de Confins j no o mesmo desde a ltima tera-feira, quando foi fixada em 1 de dezembro a data para transferncia dos vos da Pampulha. Quem apenas via o dia ar tem agora, pelo menos, a esperana de dias mais movimentados. “Vamos ter que aumentar o nmero de funcionrios, de mesas e o estoque", prev Kiki Pimenta, scia da Lanchonete e Choperia Baden Bier.
H trs anos e meio em Confins, Kiki garante que sempre esteve consciente da realidade do aeroporto, mas esperando por essa 'virada'. “Todos ns estamos em festa, depois de anos de expectativa. E queremos dar a melhor impresso ao ageiro", garante. Na Reverie Bordados, a funcionria Luciene Lopes no havia feito sequer uma venda at as 16 horas da ltima quinta-feira. “Mas isso vai ser diferente", previa. J a loja ao lado, Doce de Minas, estava fechada no mesmo dia.
A Minas Aerocomissria, empresa que opera dois pontos de caf e os restaurante de Confins e ainda o restaurante no Aeroporto da Pampulha, tambm j planeja contrataes. A assistente executiva da empresa, Luciana Duarte, prev tambm uma inverso na distribuio de funcionrios. Hoje so 22 em Confins e 141 na Pampulha. E at mesmo a istrao da Minas Aerocomissria pode se transferir para o aeroporto internacional.

Sobra txi, falta ageiro

Na fila de txi do Aeroporto de Confins, pelo menos seis motoristas dormiam no carro na tarde de quinta-feira. “Atualmente, o que mais fazemos aqui", confirma Gentil Roberto dos Santos, 54 anos. Mas a categoria tambm espera um incremento nos negcios com a chegada de novos vos. Na cooperativa da qual Gentil participa - uma das trs autorizadas a operar no local -, 75 carros fazem um revezamento em Confins e outros tantos aguardam para entrar no esquema.
O taxista esteve no aeroporto no ltimo domingo, quando fez uma corrida, e, de acordo com o revezamento, s pde voltar na ltima quinta-feira. Mas at as 16h30, ainda aguardava um cliente. “Quando no fazemos nenhuma viagem, s vezes dormimos aqui para garantir o lugar", revela. A transferncia de vos para Confins deve significar aproximadamente 228,8 mil novos ageiros por ms. Mas, se os clientes aumentam, a concorrncia tambm.
Projeto do Sindicato dos Taxistas de Minas Gerais (Sincavir) pleiteia a operao e estacionamento de todos os txis em Confins. Em troca, o ageiro que for ao aeroporto no paga os 50% cobrados a ttulo de retorno. “Hoje no podemos trazer ageiros de Confins para Belo Horizonte. Mas os txis das cooperativas que trabalham em Confins no vo dar conta da demanda", justifica Isaas Pereira, presidente do Sincavir.

fonte: Jornal Hoje em Dia - 22/08/2004