Hepatite A
Surto
Confirmado o surto de Hepatite A em Lagoa Santa. Os exames feitos pela Vigilncia da Sade detectaram a presena do vrus em 17 pessoas (12 alunos, 02 funcionarios e 03 adultos). Foram realizados 59 exames em funcionrios, alunos e professores da Escola Municipal Odete Valadares, localizada no distrito de Lagoinha de Fora, prximo divisa com Santa Luzia - 09 km da cidade. Na semana ada, torneiras e bebedouros ficaram fechados. A gua foi examinada e considerada prpria para o consumo. Agora, a Vigilncia da Sade de Lagoa Santa investiga se a gua que irriga a horta da escola est contaminada. Foram colhidas amostras e enviadas para anlise. O resultado da anlise da gua da horta deve sair no fim da semana que vem. A coordenadora de Vigilncia da Sade de Lagoa Santa, Ana Beatriz Abreu, informou que as pessoas contaminadas foram orientadas a evitar os locais pblicos j que o vrus da Hepatite A pode ser transmitido atravs do contato com secrees. Ontem, as atividades na Escola Municipal Odete Valadares voltaram ao normal.
A Prefeitura de Lagoa Santa vai designar um mdico especialista para cuidar dos moradores da zona rural da cidade, onde foi comprovado um surto de Hepatite A. Os tcnicos ainda no sabem onde est o foco de origem da doena. A anlise da gua usada na horta da escola Odete Valadares ser divulgada at sexta-feira. A Hepatite A a forma mais branda e mais comum da doena. Pode ser prevenida com vacinao, mas no programa do Ministrio da Sade no est prevista a vacina gratuita nos postos pblicos.

fonte:MGTV edio noturna dos dias 10 e 13 de junho
Hepatite A a forma mais branda da doena

A hepatite A uma doena infecciosa aguda, causada pelo vrus da hepatite A, que produz inflamao e necrose do fgado. A transmisso do vrus fecal-oral, atravs da ingesto de gua e alimentos contaminados ou diretamente de uma pessoa para outra. Uma pessoa infectada com o vrus pode ou no desenvolver a doena. A hepatite A ocorre em todos os pases do mundo, inclusive nos mais desenvolvidos. mais comum onde a infra-estrutura de saneamento bsico inadequada ou inexistente. A infeco confere imunidade permanente contra a doena. Desde 1995, esto disponveis vacinas seguras e eficazes contra a hepatite A, embora ainda de custo elevado. 404v10

Transmisso

O ser humano o nico hospedeiro natural do vrus da hepatite A. A infeco pelo vrus da hepatite A, produzindo ou no sintomas, determina imunidade permanente contra a doena. A principal forma de transmisso do vrus de uma pessoa para outra. A transmisso comum entre crianas que ainda no tenham aprendido noes de higiene, entre os que residem em mesmo domiclio ou sejam parceiros sexuais de pessoas infectadas. Dez dias depois de uma pessoa ser infectada, desenvolvendo ou no as manifestaes da doena, o vrus a a ser eliminado nas fezes durante cerca de trs semanas. O perodo de maior risco de transmisso de uma a duas semanas antes do aparecimento dos sintomas. A transmisso pode ocorrer atravs da ingesto de gua e alimentos contaminados por pessoas infectadas, que no obedecem normas de higiene, como a lavagem das mos aps uso de sanitrios. O consumo de frutos do mar, como mariscos crus ou inadequadamente cozidos, est particularmente associado com a transmisso, uma vez que esses organismos concentram o vrus por filtrarem grandes volumes de gua contaminada. A transmisso atravs de transfuses, uso compartilhado de seringas e agulhas contaminadas pouco comum, ao contrrio das infeces pelo HIV e pelo vrus da hepatite B.

Riscos

A infeco pelo vrus da hepatite A ocorre em todos os pases do Mundo. O risco, dependendo da infra-estrutura de saneamento bsico, varia de um pas para outro e, dentro do mesmo pas, de uma regio para outra. Nos pases em desenvolvimento, onde os investimentos em saneamento bsico em geral no constituem prioridade, a infeco comum em crianas, e a maioria dos adultos , conseqentemente, imune doena. Em pases desenvolvidos, a hepatite A ocorre episodicamente e, por esse motivo, grande parte da populao adulta suscetvel infeco. Esse padro tende a ser semelhante nas classes socio-economicamente mais privilegiadas dos pases em desenvolvimento, como o Brasil.

A Austrlia, o Canad, a Escandinvia, a Nova Zelndia, o Japo e a maioria dos pases da Europa Ocidental, so reas de risco relativamente baixo. Nos Estados Unidos, considerado de risco intermedirio, estima-se que a cada ano ocorram cerca 200 mil casos da infeco. Cerca de um tero da populao americana tem evidncia sorolgica de ter sido infectada pelo vrus da hepatite A em alguma poca da vida.

O Brasil tem risco elevado para a aquisio de hepatite A, em razo de condies deficientes ou inexistentes de saneamento bsico, nas quais obrigada a viver grande parte da populao, inclusive nos grandes centros urbanos. A hepatite A, contudo, no fazia parte da Lista Nacional de Doenas de Notificao Compulsria at dezembro de 2003. Os dados oficiais disponveis, portanto, so escassos e incompletos e, provavelmente, refletem apenas a disponibilidade de recursos para confirmao diagnstica, varivel em cada Estado e em cada municpio. Em geral, os casos de hepatite A so notificados apenas quando so detectados eventuais surtos da doena. Em 1997 o Ministrio da Sade registrou 808 casos de hepatite A, a maioria na Regio Sul (510 casos). Na Regio Sudeste foram registrados 44 casos, todos no Estado do Rio de Janeiro. Esses dados so obviamente incompletos. Em 1997, apenas o municpio do Rio de Janeiro computava um total de 57 casos de hepatite A, nmero que ou a 321 em 1999, a maioria entre pessoas com menos de 15 anos. Foram ainda notificados 6556 casos de hepatite de causa no determinada. Desses, uma parcela significativa foi provavelmente causada pelo vrus da hepatite A. Mesmo nos Estados mais desenvolvidos so detectadas epidemias como a ocorrida em Valena (RJ) em 1993, com 1069 casos.

Os estudos de prevalncia no Brasil na populao, atravs de exames sorolgicos, demonstram uma reduo dos ndices. A prevalncia est em torno de 65%, enquanto chega a 81% no Mxico e a 89% na Repblica Dominicana. Os ndices de infeco pelo vrus da hepatite A esto relacionados idade e s condies socio-econmicas das populaes. No Brasil, chegam a 95% nas populaes mais pobres e a 20% nas populaes de classe mdia e alta. A diferena mais acentuada entre crianas e adolescentes. Nas pessoas com mais de 40 anos de idade, a prevalncia da infeco quase sempre superior a 90%, refletindo as condies de risco existentes na infncia.

Embora o risco de infeco pelo vrus da hepatite A, seja alto em todas as Regies do pas, pode-se presumir que, de modo semelhante s outras doenas de transmisso fecal-oral (hepatite E, clera), as reas menos desenvolvidas apresentem risco ainda mais elevado. Tambm, podem ser consideradas de risco elevado a periferia dos grandes centros urbanos e municpios onde a infra-estrutura de saneamento bsico (gua e esgotos tratados) seja inexistente ou inadequada.

Medidas de proteo individual

A hepatite A pode ser evitada atravs das medidas de preveno contra doenas transmitidas por gua e alimentos, da vacinao e, em algumas situaes, da utilizao de imunoglobulina intramuscular. As medidas de proteo contra doenas transmitidas por contaminao de gua e alimentos, incluem a utilizao de gua clorada ou fervida e o consumo de alimentos cozidos, preparados na hora do consumo. Deve-se lavar criteriosamente as mos com gua e sabo antes das refeies e evitar o consumo de bebidas e qualquer tipo de alimento adquiridos com vendedores ambulantes.

Desde 1995, foram licenciadas duas diferentes vacinas contra a hepatite A, ambas produzidas a partir do vrus inativado, com imunogenicidade e eficcia semelhantes. Um ms aps a primeira dose, as vacinas produzem mais de 95% de soroconverso (imunidade) em adultos, que chega a 97% em adolescentes e crianas acima de dois anos. As vacinas esto liberadas para aplicao a partir dos dois anos de idade, uma vez que a eficcia e segurana abaixo dessa faixa etria ainda no foram adequadamente avaliadas. Os efeitos adversos geralmente so discretos, podendo ocorrer dor, vermelhido e edema no local da aplicao em 20%-50% das pessoas. A aplicao intramuscular, feita em duas doses com intervalo de seis meses entre cada uma.

O Cives recomenda aos viajantes que recebam a primeira dose da vacina contra a hepatite A no mnimo 30 dias antes da partida. A vacina est indicada para pessoas que sejam suscetveis (no imunes), presumida ou comprovadamente. As indicaes prioritrias so para as crianas com mais de dois anos, pessoas que trabalham com crianas (como educadores de creches), portadores de doena heptica crnica (risco de maior evoluo para a forma grave), pessoas com risco elevado (usurios de drogas injetveis, homossexuais), idosos e viajantes que se dirigem para reas com risco alto de transmisso. Os dados disponveis sugerem que a imunidade conferida pela vacina seja superior a dez anos. A realizao sistemtica de testes para verificar uma possvel infeco anterior pelo vrus da hepatite A desnecessria, mas em algumas circunstncias pode ser vantajosa.

A imunoglobulina capaz de evitar a infeco em 85% das pessoas, quando utilizada em at duas semanas aps a exposio ao vrus da hepatite A. Est indicada em antes no imunes de pessoas com hepatite A e viajantes que no possam receber a vacina, incluindo os menores de dois anos, ou que no tenham recebido a primeira dose pelo menos 15 dias antes da partida para reas de risco elevado.

Manifestaes

A infeco pelo vrus da hepatite A pode ou no resultar em doena. Em cerca de 70% das crianas com menos de seis anos de idade, a infeco no produz qualquer sintoma. A infeco, causando ou no sintomas, produz imunidade permanente contra a doena.

As manifestaes, quando surgem, podem ocorrer de 15 a 50 dias (30, em mdia) aps o contato com o vrus da hepatite A (perodo de incubao). O incio sbito, em geral com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensao de desconforto no abdome, nuseas e vmitos. comum a averso acentuada fumaa de cigarros. Pode ocorrer diarria, mais comum em crianas (60%) do que em adultos (20%). Aps alguns dias, pode surgir ictercia (olhos amarelados) em cerca de 25% das crianas e 60% dos adultos. As fezes podem ento ficar amarelo-esbranquiadas (como massa de vidraceiro) e a urina de cor castanho-avermelhada. Em geral quando a pessoa fica ictrica, a febre desaparece, h diminuio dos sintomas e o risco de transmisso do vrus torna-se mnimo. Em crianas, a ictercia desaparece em 8 a 11 dias, e nos adultos em 2 a 4 semanas.

A evoluo da doena em geral no ultraa dois meses. Em cerca de 15% das pessoas, as manifestaes podem persistir de forma discreta por at seis meses, com eventual reaparecimento dos sintomas. A recuperao completa, o vrus totalmente eliminado do organismo. No h desenvolvimento de doena heptica crnica ou estado de portador. A letalidade da hepatite A, considerando-se todos os casos cerca de 0,3%. Em adultos a evoluo grave mais comum, e o nmero de bitos pode chegar a 2% em pessoas com mais de 40 anos.

A confirmao do diagnstico de hepatite A no tem importncia para tratamento da pessoa doente. No entanto, fundamental para a diferenciao com outros tipos de hepatite e para a adoo de medidas que reduzam o risco de transmisso entre os antes. importante ainda que seja feita a notificao do caso ao Centro Municipal de Sade mais prximo, para que possam ser adotadas medidas que diminuam o risco de disseminao da doena para a populao. A confirmao feita atravs de exames sorolgicos.O mtodo mais utilizado o ELISA, com pesquisa de anticorpos IgM contra o vrus da hepatite A no sangue, que indicam infeco recente. Esses anticorpos geralmente podem ser detectados a partir do quinto dia do incio dos sintomas.

A hepatite A no tem tratamento especfico. As medidas teraputicas visam reduzir o incmodo dos sintomas. No perodo inicial da doena pode ser indicado repouso relativo, e a volta s atividades deve ser gradual. As bebidas alcolicas devem ser abolidas. Os alimentos podem ser ingeridos de acordo com o apetite e a aceitao da pessoa, no havendo necessidade de dietas.

Denise Vigo Potsch & Fernando S. V. Martins

14 junho, 2005
fonte: Cives
Centro de Informao em Sade para Viajantes
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