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Crnicas
de Igor Corra |
Igor advogado Tributarista formado na Faculdade de direito
Milton Campos. |
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A Csar, o que de Cesar
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O
LABORATRIO DA HUMANIDADE
H
algum tempo venho meditando sobre eventos da atualidade que me remetem
a gravosas reflexes sob o rumo que nosso pas anda seguindo
e gostaria de compartilhar essas meditaes, sem paixes
polticas partidrias. So apenas meditaes.
Certa vez ouvi de um Ministro do STJ a explicao
do porque a histria to importante nas cincias
humanas. Ele nos explicou que a histria o laboratrio
das cincias humanas.
No se podem reproduzir com exatido as relaes
humanas em um laboratrio, todavia, a histria nos fornece
as solues para as diversas hipteses que podem
ser estabelecidas e colocadas prova nas cincias humanas.
A histria o laboratrio da humanidade. Esse novo
enunciado iluminou uma grande escurido que havia em meu intelecto
sobre as grandes questes e me deu a chave para tantas outras.
Feita essa breve introduo, o ao assunto.
Em Roma, j nas primeiras dcadas depois de Cristo, instituiu-se
uma eficaz forma de controlar as presses populares, atravs
de uma poltica chamada de “Po e Circo”,
na qual consistia em fornecer aos miserveis, alimento gratuito
e diverso atravs das lutas entre gladiadores, corridas
de cavalos e outros entretenimentos.
Surgiu ento um eficaz meio atravs do qual o governo esconde
seus erros, corrupo, incompetncia, problemas como
sade, saneamento e tudo que lhe pejorativo.
Naquela poca, o cidado carente dos servios inerentes
do Estado Romano, sofrendo com os constantes incndios, violncia
urbana (Roma tinha 1.200.000 habitantes e todos os problemas de uma grande
capital), doenas e epidemias, alm das guerras com os brbaros
em vrias frentes de batalha e uma aristocracia que insistia em
manter seus privilgios.
Os
aristocratas participavam de faustos banquetes, houve acmulo de
terra nas mos de poucos, xodo rural para a capital, escravido
e uma luta incessante pelo poder em Roma entre senadores e aristocratas.
Roma era um paiol prestes a explodir, todavia, a percia e a inteligncia
da aristocracia romana conseguiram controlar essa imensa massa insatisfeita,
com um pouco de po e diverso gratuita, mantendo-se no
poder por quase cinco sculos, at a efetiva queda do imprio
Romano Ocidental, que inaugura a idade mdia.
A poltica estabelecida em Roma aleijou o provo, sob uma falsa
premissa de que o Estado estava cuidando dos seus pobres, lhes retirou
a dignidade do trabalho e do prprio sustento. Domesticou, como
quem domestica um animal, o cidado romano, dando-lhe parcos alentos
e comida. Instituiu-se ento o pior tipo de misria que
existe, que a misria do esprito, que aliena e
aleija a vontade humana. s1q22
Podemos contar essa histria de outra
forma, apenas substituindo po, por Bolsa Famlia e o circo
pelo futebol, e ela se tornaria atual. Falta aquele o a frente, aquela
deciso firme de romper com a velha histria e com os antigos
vcios to repetidos e repetidos, anos a anos, dcadas
a dcadas e sculos a sculos.
Amigo leitor! Devemos estar alguns os na frente da histria,
para combatermos a tirania e tudo aquilo que escraviza o homem, para tanto,
imperativo que conheamos a histria da humanidade,
para no repetirmos os erros de outrora, pois a “historia
tem o estranho hbito de repetir a si mesma”. (Virglio
Freire).
IGOR ANCIO
DE GODOY MENDES CORRA
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O
Clculo do ICMS e do IPI “Por Dentro”:
Uma Eficaz Forma de Enganar o Contribuinte. “No
me impressiona o argumento da autoridade, mas, sim, a autoridade do argumento”.
A frase
acima parece ser de “para choque” de caminho, mas
mais um pensamento filosfico do iluminista Ren
Descartes.
Todos,
absolutamente todos, j se depararam com algum tipo de argumento
de autoridade. Ele mais ou menos assim: “ porque
”. “ porque eu estou falando que ”.
“ porque eu sei que .”
Dentre
as infinitas formas que esse tipo de argumento pode-se manifestar, sempre
estar implcito o elemento subjetivo “eu” e
toda a arrogncia, soberba e vaidade que o esprito humano
pode carregar.
H uma sabedoria implcita no enunciado filosfico.
Isto porque, na verdade, o argumento de autoridade no
um argumento, mas uma defesa agressiva contra a prpria ignorncia.
Com essa breve
reflexo, inicio novo tema dentro da srie de crnicas
propostas por mim, denominada “A Cesar o que de Cesar”.
Como
todo brasileiro emergente, andei por a viajando para o exterior
e j conheci o Chile e a Argentina. Tambm como um bom brasileiro
em frias e, principalmente casado, tive vrias experincias
comerciais nestes pases, como consumidor final.
Ao receber a nota fiscal dos produtos que comprei nesses dois pases,
verifiquei que havia o preo do produto, mais o IVA – Imposto
sobre o Valor Agregado - que aquele imposto nico do qual
falamos na crnica anterior.
Nas notas era possvel discriminar o que era preo
e o que era tributo com tamanha facilidade que uma criana poderia
faz-lo.
Mas por
que no Brasil no assim to fcil discriminar
os tributos incidentes sobre os produtos que adquirimos cotidianamente?
Vamos
resposta: O ICMS um tributo que se cobra “por dentro”.
Foi assim que me ensinaram. E isto provavelmente o que ensinaram
ao meu professor e ao professor do meu professor.
Vejamos
na prtica: Um produto que custa R$100,00 e que sofre uma alquota
de ICMS de 18%. Portanto, ele custaria ao final R$118,00(cento e dezoito
reais). Certo? Errado, no assim que se faz no Brasil.
Para calcular
um ICMS cuja alquota seja 18%, deve-se dividir o valor do produto
tributado por 0,82%, para se obter o preo final, com o ICMS “por
dentro”. O resultado ser R$121,95.
Essa expresso
que nada diz - “por dentro” - a justificativa para
que o ICMS seja calculado desta forma esquisita e, claro, gerando maior
imposto.
Ento
eu perguntava nas minhas aulas: - Professor, mas por que assim?
E ouvia sempre a mesma resposta. porque o ICMS “por
dentro”. Parecia-me algo flico esse “por dentro”
e com ele eu nunca me acostumei. Muitos dos meus colegas, a maioria absoluta,
se dava por satisfeito, talvez com vergonha de exigirem mais explicaes.
Entretanto,
sempre ouvia a mesma resposta e at alguma censura por causa da
minha insistncia em saber o por que de se incluir no preo
do produto, de forma escamoteada o tributo incidente, para depois ser
ele destacado e recolhido aos cofres.
O mais lgico
seria a de que ele j transcorresse desde a indstria destacado.
Seria melhor para todos, para o fisco, porque facilita a fiscalizao
e para o contribuinte, porque facilita o recolhimento.
Dizem que
o conhecimento liberta e liberta mesmo. Li um enunciado cientfico
que diz o seguinte: “quando h vrias explicaes
para um mesmo fenmeno, a mais simples tende a ser a mais correta”.
Pois bem,
a explicao mais simples que encontrei depois de refletir
muito sobre o assunto de que o objetivo de se calcular o ICMS
desta foram - por dentro- esconder do contribuinte a nossa carga
tributria, alm de fazer o tributo incidir sobre ele mesmo.
Enquanto
nossos vizinhos cobram o tributo s claras, possibilitando que
at uma criana possa averiguar a carga tributria
incidente sobre o produto adquirido, no Brasil ele escondido,
como se fosse clandestino. esse, portanto, o nico motivo
que encontrei para essa cobrana “por dentro’ do ICMS,
porquanto no h na literatura sobre a qual j me
debrucei, que de forma convincente me desse outro argumento, salvo o que
sempre ouvi: - , por que . o argumento de autoridade
contra a autoridade do argumento.
Ano aps
anos formam-se contadores, advogados, es e esse argumento
– “por dentro” - sai vitorioso, porque ns brasileiros
nos contentamos com o argumento de autoridade.
Na ltima
crnica expliquei como todo tributo de consumo repercute na
cadeia de produo e chega ao consumidor final, no
importa se ele incida na indstria, no comrcio ou diretamente
ao consumidor final.
Sempre
ser o consumidor, portanto, o cidado brasileiro, quem
pagar os tributos de consumo e quem paga, tem direito de saber
o que, o por que e o quanto pagou. Somente assim o cidado poder
verdadeiramente perceber o sistema tributrio no qual est
inserido e que de fato, at o mais pobre, que recebe bolsa famlia,
tambm contribuinte de tributos e detentor no
somente de obrigaes, mas de direitos contra o Estado,
porque paga por eles.
Ns
ouvimos com deferncia e acatamento o que nossas autoridades institudas
nos dizem e ruborizamos quando questionamos estas mesmas autoridades.
Todos ns sabemos que sofremos uma carga tributria elevadssima,
mas no sabemos o quanto sofremos e esse sistema, aliado
nossa alienao sobre o direito, faz com que a forma de
clculo do ICMS e do IPI seja um eficaz meio de promover a ignorncia
sobre o quanto pagamos de tributo.
A misria que devemos combater no se resume somente
fome, mas misria que nos aliena e nos impede
o exerccio da cidadania e do direito, esta misria enfraquece
o esprito.
Igor Ancio
de Godoy Mendes Corra
maro de 2012 |
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A Csar, o que de Cesar
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Capitulo
I - O Imposto nico versus Tributos de Consumo.
“O bom senso a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada
qual pensa estar to bem provido dele, que mesmo os que so
mais difceis de contentar em qualquer outra coisa no costumam
desejar t-lo mais do que o tm. E no verossmil
que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes testemunha que o poder
de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que propriamente
o que se denomina o bom senso ou a razo, naturalmente igual
em todos os homens; e, destarte, que a diversidade de nossas opinies
no provm do fato de serem uns mais racionais do que outros,
mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e no
considerarmos as mesmas coisas. Pois no suficiente ter
o esprito bom, o principal aplic-lo bem. As maiores
almas so capazes dos maiores vcios, tanto quanto das maiores
virtudes, e os que s andam muito lentamente podem avanar
muito mais, se seguirem sempre o caminho reto, do que aqueles que correm
e dele se distanciam”. Descartes, Ren, O Discurso do Mtodo.
Procurando um gancho para enfim iniciar esta crnica,
me lembrei das minhas pacatas aulas de Filosofia, com o professor Jsus,
e logo veio memria um material que ele nos deu para estudo,
o “Discurso do Mtodo” do filsofo Ren
Descartes. Ele nos extremamente til, porque este
captulo prope, em ltima instncia, o bom senso.
As pessoas so iguais, mas no to iguais assim. Cada
uma tem uma atividade econmica, uns recebem salrio, outros
rendas imobilirias, outros penso, vencimentos, subsdios,
uns so comerciantes, outros fazendeiros outros industriais, prestam
servios e etc.
Todo
tributo precedido de um fato que faz nascer a obrigao
tributria, comumente chamado de fato gerador. Algum
pratica um ato jurdico erigido condio de
fato gerador e o tributo a a ser devido. So vrios os
fatos geradores, alguns so pessoais (renda), outros so incidentes
sobre o patrimnio (IPTU, ITBI, IPVA, ITR) e outros sobre atividades
econmicas (IPI, ICMS, ISSQN, PIS COFINS).
Enganam-se aqueles que pensam que o Imposto nico o somatrio
de todos os tributos que pagamos, num s. O imposto nico
a consolidao dos impostos incidentes sobre o consumo,
este entendido como o resultado final da cadeia de produo
de bens e servios.
A cadeia de produo vai desde os produtos agrcolas,
extrativismo, industrializao, manufatura, comrcio
e servios, at o consumidor final.
Cada atividade recebe a carga de tributaria e rea para o prximo,
at o consumidor final, compensado o imposto pago. A essa caracterstica
de repercusso do tributo ao longo da cadeia produtiva, d-se
o nome de no comulatividade. Ocorre no ICMS, no IPI e alguns casos
PIS e COFINS.
Vamos imaginar um produto tipicamente mineiro.
A fazenda
tira o leite e vende para empresa de laticnios (ICMS, PIS COFINS),
que faz o queijo, embala (IPI) e vende para o distribuidor do CEASA (ICMS
PIS COFINS); O produto transportado (ICMS, PIS ,COFINS) para o
CEASA, que ao chegar vendido ao dono padaria, (ICMS, PIS, COFINS),
que leva consigo o produto (ICMS, PIS, COFINS) para Belo Horizonte e coloca
no seu freezer recentemente consertado pelo tcnico (ISSQN, PIS,
COFINS) e, finalmente, o consumidor final compra o produto.
O consumidor final compra o produto j carregado de todos os tributos
incidentes da cadeia de produo. Alguns podero ser
compensados entre os participantes desta cadeia, outros no.
O imposto
nico consolidaria todos esses tributos, lanados na cadeia
de produo sob um nico ttulo, o IVA –
Imposto sobre o Valor Agregado. Eis ento o Imposto nico.
Ainda haveria outros tributos como, por exemplo, o IPTU, IPVA, Imposto
de Renda, contribuies sociais, taxas.
H uma peculiaridade sobre esses tributos incidentes na
cadeia de produo, que talvez um dos maiores gargalos
do crescimento econmico do Brasil.
No mundo todo, tributa-se o consumo, como resultado final da cadeia produtiva,
isso significa que, enquanto essa cadeia no chega ao seu final,
que o consumidor final, os produtos e servios circulam
neutros, no sofrem tributao.
Somente o consumidor final quem de fato paga o tributo.
Nessas horas todos pensam que isso ruim, mas no .
Todo tributo naturalmente repercute para o consumidor final, pois integra
os custos de produo. Na forma como so cobrados
os tributos, eles tambm so ados, ao final, pelo
contribuinte, ns apenas no observamos, porque eles esto
todos embutidos no preo final. E o que pior, a compensao
que se permite entre os participantes ineficaz, deixa resduo
e onera repetidamente o custo de produo.
O IVA no somente simplifica como tambm nos d a
medida dos tributos incidentes e asseguram a neutralidade da cadeia produtiva.
So esses trs benefcios que podem ser destacados.
Simplifica, porque o atual sistema complexo e burocratizado.
Gera conflito entre Estados e Municpios. Encarece o custo de produo,
alm de sujeitar o contribuinte a erros e favorecer sonegadores.
D
a medida dos tributos incidentes. Nos captulos que se seguiro
falaremos sobre os subterfgios do Estado para mascarar a carga
tributria. Mas o IVA o primeiro grande o, porque
simplifica e facilita o destaque dos tributos pelo prprio contribuinte,
que ento comea a ter conscincia do quanto paga.
Assegurar a neutralidade dos tributos de consumo: So as indstrias,
o comrcio, as microempresas e as atividades produtivas em geral
que desenvolvem o pas. O desemprego est atualmente baixo,
no pelos provimentos em cargos pblicos, mas pelo desenvolvimento
econmico da atividade privada.
Tributar diretamente a atividade produtiva retirar dos
produtores condies de produo, contratao
de emprego e conseqentemente distribuio de renda.
A neutralidade um princpio salutar e deve ser guardada
debaixo de sete chaves, num mundo que globalizado e competitivo.
O imposto nico ento, uma organizao
melhor dos tributos de consumo, uma racionalizao da forma
de tributar a produo nacional. o bom senso na
forma de tributar, porque desonera o setor produtivo, sem abrir mo
de receita.
Vamos
propor o seguinte raciocnio: A indstria considera
para formar o preo do seu produto, a mo de obra, encargos
trabalhistas e, porque no, os tributos, alm da sua margem
de lucro. Ento, no processo de formao dos preos,
todos os custos integram o valor do produtor, inclusive o tributrio.
Esses custos sero reados ao atacadista e depois para o varejista,
que tambm incluiro os seus respectivos custos.
um processo natural e inevitvel.
Portanto, de qualquer forma o preo final trar toda a carga
tributria. O IVA no somente consolida os tributos, como
tambm propicia que incidam uma nica vez na cadeia produtiva,
que dever ser no consumo final, desonerando toda produo.
Capitalizam-se as empresas sem que se gaste um real de dinheiro pblico,
ou com financiamentos, cujos juros, sabe-se, no so baratos
no Brasil. Apenas, unificando e deslocando-se o momento de incidncia
dos tributos, para o momento do consumo final, como naturalmente iria
acontecer.
A
racionalizao da tributao no pas
questo urgente. Se o pagamento de tributos
um mal necessrio, as regras devem ser claras e respeitarem uma
razo, para que no se tornem perniciosas e impeditivas
do crescimento. Para reduzir a carga tributria, deve haver organizao
deste cipoal de tributos, cada qual incidindo sobre regras e regulamentos
que podem ser multiplicados pelos nmeros de municpios
e os Estados-Membros da Federao.
O IVA
um bom caminho, para desfiar esse novelo, mas encontra a resistncia
dos Estados-Membros e dos Municpios, que temem perder receitas.
No perdero, porque como demonstrado, a carga tributria
ser a mesma, apenas deslocada para o final da cadeia produtiva.
O
que h para ser resolvido a repartio dessa
receita tributria arrecadada uma nica vez, entre Estados
produtores e consumidores e entre Unio Estados e Municpios.
o velho problema da guerra fiscal entre os entes da federao.
So Paulo como maior produtor de bens e servios do Brasil,
teme que sua receita seja distribuda para outros Estados, que
tm maior vocao de consumo. Penso que esse problema
se resolve criando coeficientes de distribuio da arrecadao,
conforme critrios que levam em conta a produo
de cada Estado, uma questo de poltica que pressupe
vontade e bom senso.
Enquanto
isso, ns comemoramos a histrica marca de R$700.000.000.000,00
(setecentos bilhes) arrecadados no ms junho de 2011, um
“record” nacional. Viva!
Igor Corra
advogado
Tributarista formado na Faculdade de direito Milton Campos.
[email protected]
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A
CSAR, O QUE DE CSAR “Dai
a Cesar, o que de Csar e a Deus, o que do reino
dos cus”, foi com essa brilhante resposta que o
principal protagonista bblico se livrou de uma capciosa pergunta
formulada para provocar a ira dos Romanos contra Jesus. Naquele tempo,
Jerusalm estava sob o “protetorado” dos Romanos e
todos os judeus deviam tributos a Roma.
Essa
frase bblica foi por ns escolhida para intitular uma srie
de edies que tero o objetivo elucidar questes
importantes sobre sistema tributrio brasileiro e sua premente
necessidade de reforma.
quase unnime entre os brasileiros a idia de que
nosso sistema tributrio necessita de reforma, mas poucos sabem
os detalhes, onde esto os absurdos, quais sero ou poderiam
ser as reformas e, principalmente, qual a reforma que o governo
pretende e qual a reforma que ns cidados almejamos.
O governo amparado por uma estrutura privilegiada de
economistas, juristas e especialistas, mas em se tratando de reforma tributria,
o Poder Executivo, principal gastador do dinheiro pblico, est
do outro lado do “cabo de guerra”.
A
sociedade organizada no pode aguardar uma reforma tributria
que lhe seja benfica, se ela vier daquele que recebe
e gasta o dinheiro arrecadado com os inmeros e incontveis
tributos. Historicamente, um governo no abre mo voluntariamente
de tributos. Basta olharmos o exemplo do Imposto de Renda Pessoa Fsica,
que foi criado na Inglaterra, durante a Segunda Grande Guerra, para custear
os esforos militares, como imposto provisrio. De provisrio,
ou ento a ser universal. Ou mesmo na era Medieval. Felipe,
o Belo, rei da Frana, no sculo XIV, juntamente com outras
naes crists, criou inmeros tributos para
custear uma fictcia cruzada, a nona ou dcima talvez, para
tentar a retomada de Jerusalm, cruzada essa que nunca ocorreu.
Qualquer semelhana com a MF, no mera coincidncia.
Historicamente os governos usam de apelos pblicos, para justificar
uma maior tributao.
Portanto,
deixar o governo encabear unicamente a reforma tributria,
como deixar a raposa tomar conta do galinheiro. imprescindvel
que ns cidados, qualifiquemos nossas opinies e
nos posicionemos frente a esse desafio que afeta a todos, porque tudo
que tem apreciao econmica atingido de
uma forma ou de outra, pela tributao.
Podemos esperar os apelos do governo pelos “pobres e miserveis”,
pela necessidade de manuteno dos programas sociais e pelos
servios pblicos gratuitos, colocando brasileiros contra
brasileiros (ricos contra pobres), numa retrica que apenas tem
o condo de alienar a opinio pblica.
A verdade
que a nossa estrutura tributria feita para alienar
o contribuinte, mistificando os tributos como se fossem algo que somente
alguns podem ou tm condio de entender, deixando
nas mos dos nossos governantes, cada dia mais volumosos recursos.
E
esse nosso breve esforo para tentarmos colocar uma pequena
luz sobre a escurido que o conhecimento comum
sobre as questes que envolvem os tributos, sempre com o enfoque
final, de como essas questes atingem o mais simples trabalhador
brasileiro.
Ento
proponho os seguintes temas que debateremos nas prximas edies:
O Imposto nico versus Tributos de Consumo. O clculo do
ICMS e IPI “por dentro”, Uma Eficaz Forma de Enganar o Contribuinte.
A Substituio e a Antecipao Tributria:
Um Assalto ao Capital de Giro das Empresas. E para o final, um captulo
dedicado ao ICMS cobrado na energia eltrica e a nossa principal
Estatal mineira, a CEMIG.
Como
dissemos a histria dos Estados do mundo todo, nos mostra que o
poder pblico, em matria de tributos, no est
do lado do cidado. E a histria tem o pssimo hbito
de repetir a si mesma.
Igor Corra
advogado Tributarista
formado na Faculdade de direito Milton Campos. [email protected]
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O
PECADO ORIGINAL
Todos de alguma forma j ouviram falar nos sete pecados capitais.
So eles: Soberba, Luxria, inveja, avareza, preguia,
ira e gula. Certamente tambm j ouviram falar do pecado
original, aquele que Ado e Eva cometeram ao comerem o fruto da
rvore do conhecimento do bem e do mal.
Qual o pecado original, o primeiro, aquele mais ntimo
e pessoal, que gerou toda a maldade do mundo?
Incomoda-me muito a vaidade. Ento vamos itir uma falsa premissa,
para que este texto se desenvolva e alcance o seu objetivo - que eu tenho
autoridade acadmica, filosfica, eclesitca, para
discorrer sobre o assunto, em bom portugus, que realmente saiba
do que eu estou falando.
A vaidade tem uma premissa: Eu. O vaidoso se ama acima
de tudo e defende o seu amor prprio perante outros, dando provas
de que melhor em tudo e que todos.
No se trata da vaidade esttica, embora essa possa ser
uma das suas facetas. Mas a vaidade de que falamos aquela que
est arraigada no esprito, que a a governar intima
e silentemente, todos os atos e decises que essa pessoa possa
tomar.
O pecado original seno a prpria vaidade.
Ado ao comer o fruto do conhecimento, rogou-se na condio
de Deus, foi orgulhoso, foi soberbo. Mas assim agiu, porque se colocou
a frente das outras coisas e a frente de Deus.
Mas porque discorrer sobre a vaidade? Pior, utilizando
o Gnesis? H uma sabedoria no texto bblico. A vaidade
o pecado original ao qual estamos condenados a repetir por milhares
de anos, at os dias atuais. E esse pecado original o
motivo das grandes atrocidades da humanidade e das pequenas tambm.
O rico corrupto, que sempre quer mais. O ditador que depois de dcadas
no poder, ainda insiste e se manter autoridade mxima. A autoridade,
aquela pessoa que “voc no sabe com quem est
falando”, o Doutor, Comendador, a Excelncia.
Reduzindo todos os demais pecados, chega-se vaidade, porque a
vaidade o exerccio anormal do eu. Pode reparar, todo
vaidoso usa exageradamente o pronome pessoal singular da primeira pessoa.
A avareza, a luxria, a soberba, a gula e a preguia
so subprodutos da vaidade, da sobreposio do ego
sobre todas as outras coisas, sobre todas as pessoas, o “eu”
acima de tudo.
Est dentro de ns, porque todos ns temos um ego
e esse ego potencialmente perigoso. Alimenta-se de ttulos
profissionais e acadmicos, de deferncias sociais, da ignorncia
alheia, da capacidade financeira e, sobretudo, da certeza de que somos
melhores que os outros.
A serpente que tentou Ado e Eva, primeiro alimentou o ego dos
dois primeiros habitantes do mundo: “e sereis como Deus, sabendo
o bem e o mal”.
Antnimo de vaidade a humildade. Mas at
essa virtude pode ser corrompida pela vaidade, porque existe aquele de
finge ser humilde. o caso do poltico, que em poca
de eleio anda a p na rua, vai ao mercado, toca
caf preto e come um pastel. Volta s na prxima
eleio.
O que acontece com essas pessoas, depois que morrem, eu no
sei dizer. Mas enquanto vivas, acho que so infelizes,
porque o mundo tem 6,5 bilhes de pessoas, e se achar melhor do
que esse tanto de gente deve ser fatigante. Mas acho que o pior
quando esse indivduo se descobre um mero mortal, sujeito a morrer
da mesma forma que os seres mais inferiores da terra. A
a casa cai. Deve ser um duro golpe, porque todo o alicerce da vida deste
pobre coitado cai, muitas vezes com a platia de outros iguais
a ele e que um dia tambm tero o seu dia de realidade.
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Vejam
as materias de quem escreve para esta pgina:
-Cronicas de Maria marilda - Historia de L. Santa ao p do ouvido
- Cronicas
de Tatyana Ferreira Sales - DICAS PARA COMER BEM
-Textos
de Stefano Rodrigues
"Alguns Segundos, nada mais"
-Cronicas
de Priscila
Trindade.
Fonoaudiologia
-Texto
de Dr. Valdir Campos -
ALCOLISMO INFORMATIVO
EDUCATIVO
-O
escritor Jos Utsch de Lima, "DEVANEIOS", seu quinto
livro
-Coluna
da Erika Bnyai.
-Opinio
do Boz |
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- revista vistual da cidade |